sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Epitáfio



 Composição: Sérgio Britto

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...


Titãs



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pedro Lyra

 Fortaleza-CE (1945)

Como outras manifestações culturais alternativas, aparecidas nos anos 60, o poema–postal surgiu e teve como pioneiro entre nós, em 1970, o poeta Pedro Lyra. Elaborando cartões postais em que unia um breve texto poético à imagem escolhida, da qual o texto muitas vezes funcionava como legenda, Lyra dava início a uma técnica bem própria de divulgar a poesia. Ainda que presa a uma vertente do chamado poema–processo, dele se distanciava ao admitir o emprego de versos, num contexto que poderia dispensá–los, e formando um discurso bastante conciso, no qual a economia de vocábulos se responsabilizava pela maior objetividade da mensagem.


O Novo Livro de Luís Fernando Veríssimo




Você quer ler o novo livro de Luís Fernando Veríssimo?

Então doe livros! 
O lançamento de "Os Espiões" foi atrelado a uma ação social. 
Funciona assim: o livro tá pronto. Tá lá. 
Mas tá trancado a sete chaves e a publicação só será liberada quando chegar a 500.000 o número de doações ao Banco de Livros da Fundação Gaúcha de Bancos Sociais (ONG que centraliza doações de livros e os repassa para comunidades carentes). 
No site Banco de Livros são encontradas informações sobre postos de coleta, inclusive para quem quiser participar mas não mora no RS. 



Fonte: Jandira Feijó

 Como Doar:

- É bem simples: todas as agências dos Correios e da Caixa Federal, todas as lojas da Panvel, do Zaffari e da Chevrolet e todos os estacionamentos Safe Park terão urnas de arrecadação.

- Se você quiser saber como anda o contador de doações, visite www.livroinedito.com.br.

- Assim que a marca de 500 mil livros for atingida, "Os Espiões," estará à disposição para leitura na íntegra no site. Quer ser avisado, por e-mail, do exato momento em que o romance for disponibilizado? É só deixar seu endereço eletrônico no cadastro do site.

Rio Como Vamos




Ser atingido por uma bala perdida é atualmente o maior temor dos cariocas em seu dia a dia. A revelação é da Pesquisa de Percepção 2009 do Rio Como Vamos, encomendada ao Ibope e cujo relatório acaba de ser concluído. Das 1.358 pessoas entrevistadas em agosto em todas as regiões da cidade, 36% apontaram como seu principal medo o risco de ser baleado, mesmo sem estar envolvido numa situação de tiroteio. Os moradores da Zona Norte – justamente onde fica a Favela Kelson’s, na Penha, local em que a dona de casa Ana Cristina Costa do Nascimento, de 24 anos, foi morta e sua filha de 11 meses ferida por uma bala perdida no último domingo – foram os que demonstraram mais este receio: 44% deles. O medo das balas perdidas também foi apontado pela maioria dos moradores das demais regiões da cidade que participaram do estudo.

Comparando-se os dados da Pesquisa de Percepção do RCV com os do Relatório Temático sobre Balas Perdidas do Instituto de Segurança Pública do Estado (ISP) e com as ocorrências mais recentes – além do caso de Ana Cristina e a filha, a morte do ambulante Marcelino dos Santos, de 51 anos, também no Complexo da Penha, e as vítimas inocentes da guerra que vem sendo travada entre traficantes e polícia há duas semanas – nota-se que o temor dos residentes da Zona Norte não é infundado. De acordo com o relatório do ISP, das 79 pessoas vitimadas (entre mortos e feridos) por balas perdidas no primeiro semestre deste ano na Capital, quase a metade foi atingida em bairros da Zona Norte, área que concentra o maior número de domicílios em favelas da cidade (49,78%, segundo dados do Censo 2000 do IBGE).

– Nossa pesquisa mostra que balas perdidas aterrorizam os moradores de todos os bairros do Rio de Janeiro. Na Zona Norte, é natural que o temor seja maior, já que é lá que ocorre grande parte dos conflitos entre as facções do tráfico e entre criminosos e policiais, como estamos vendo agora. Espero que as autoridades da Segurança Pública levem para as favelas dessa região, urgentemente, o modelo das Unidades de Polícia Pacificadora, que tem se mostrado tão eficaz e despertado grandes esperanças de paz nas áreas conflituosas, como foi o caso do Dona Marta. Com a polícia cidadã, devem chegar outros serviços públicos, que dêem a essas comunidades o estatuto de um bairro como qualquer outro e onde se possa viver tranquilo – diz a presidente executiva do Rio Como Vamos, Rosiska Darcy, destacando que a liberação de recursos federais para as UPPs, prometida na terça-feira pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, é bem-vinda.

As balas perdidas foram ainda o maior temor apontado por 36% dos moradores de Barra/Jacarepaguá; 35% no Centro; 34% na Zona Sul e 24% na Oeste. No total da cidade (36%), o medo de ser atingido por uma delas é maior, inclusive, do que o receio de ser assaltado, respondido por 23% dos entrevistados, com maior incidência na área de Barra/Jacarepaguá (31%). Em terceiro lugar foi apontado o medo de sair à noite, com 19% das respostas, principalmente de moradores do Centro (23%) e das zonas Sul (23%) e Oeste (26%). Em quarto e quinto lugar vêm, respectivamente, o temor da presença do tráfico, com 7%; e o de abordagens policiais, com 4%.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Dia da Animação




 Dossiê Rê Bordosa


Os livros de história do cinema apontam 28 de dezembro de 1895 como a data da primeira exibição cinematográfica, pelos irmãos Auguste e Louis Lumière. É mentira. Os Lumière foram pioneiros no uso da película cinematográfica para registrar imagens do mundo real. A verdade é que três anos e dois meses antes, um filme fora exibido pela primeira vez: em 28 de outubro de 1892, Charles-Émile Reynaud apresentara seu Pauvre Pierrot no Museu Grévin, em Paris. Era o primeiro filme de animação da história. E, antecipando a tecnologia usada até hoje, sua película tinha perfurações que lhe permitiam rodar com alguma precisão.

Em 2002, a Associação Internacional do Filme de Animação resolveu homenagear Reynaud, e escolheu 28 de outubro como o Dia Internacional de Animação, comemorado a cada temporada em centenas de lugares pelo mundo. 

A programação de todas as cidades brasileiras pode ser conferida no site www.diadanimacao.com.br.


A mostra oficial do Dia Internacional da Animação inclui curtas nacionais e estrangeiros. Entre os primeiros está, por exemplo, Dossiê Rê Bordosa, de César Cabral, que, por meio da técnica de stop motion constrói um suposto documentário sobre os motivos que teriam levado o quadrinista Angeli a “assassinar” sua mais célebre criação.

Procura-se!




CAIO HENRIQUE PSCHEIDT saiu de casa no sábado, foi visto pela última vez em Campo Alegre -SC indo em direção a Joinville-SC. Ele tem 20 anos, não sabemos ao certo o que aconteceu.


Quem tiver notícias avise por favor pelo telefone:
0XX47 3644 7406
Mãe: Evelize

Reinvenção




A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.



Cecília Meireles

Bachianas Brasileiras N° 5


 Villa-Lobos


II - Dança: Martelo
Violoncelo solista introduz o motivo sobre o qual a voz desenvolverá os versos de Manuel Bandeira:


Irerê meu passarinho do sertão do Cariri,
Irerê meu companheiro,
Cadê viola ? Cadê meu bem ? Cadê Maria ?
Ai triste sorte do violeiro cantadô !
Ah ! Sem a viola em que cantava o seu amô,
Ah ! Seu assobio é tua flauta de Irerê:
Que tua flauta do sertão quando assobia,
Ah ! Agente sofre sem querê !
Ah ! Teu canto chega lá no fundo do sertão,
Ah ! Como uma brisa amolecendo o coração,
Ah ! Ah !
Irerê, solta o teu canto !
Canta mais ! Canta mais !
Prá alembrá o Cariri !

Canta cambaxirra ! Canta juriti !
Canta Irerê ! Canta, canta sofrê
Patativa ! Bem-te-vi !
Maria acorda que é dia
Cantem todos vocês
Passarinhos do sertão !
Bem-te-vi ! Eh ! Sabiá !
La ! liá ! liá ! liá ! liá ! liá !
Eh ! Sabiá da mata cantadô !
Liá ! liá ! liá ! liá !
Lá ! liá ! liá ! liá ! liá ! liá !
Eh ! Sabiá da mata sofredô !
O vosso canto vem do fundo do sertão
Como uma brisa amolecendo o coração

Irerê meu passarinho do sertão do Cariri ...

Ai ! 

Manuel Bandeira


Gravação realizada em 20 de julho de 2009 no Theatro São Pedro em Porto Alegre - RS.
Regente: Manfredo Schmiedt 
Solistas: Elisa Machado (Soprano) / Tânia Lisboa (Cello) 

Teoria da Diversão

Campanha desenvolvida pela montadora Volkswagen.




Toda Ação Gera uma Reação


A melhor coisa que me aconteceu neste último ano que se passou, foi assumir a responsabilidade sobre meus atos. Sim, eu marmanjo velho, aos 44 anos de idade, ainda não tinha noção real do que é ser responsável. Não esta responsabilidade carimbada que a sociedade nos vende, esta ideia abstrata de trabalhar e produzir, pois isto nunca me faltou, mas aquela ideia de saber que a cada ação, vem uma reação. A cada coisa que faço, tenho que pagar o preço por ela. Cansei do imobilismo, da anestesia, de responsabilizar os outros por problemas que são somente meus. De culpar os outros pelos meus erros, de escolher o caminho mais fácil.

Cansei de deixar o copo de mate na praia junto com o papel do canudo para depois reclamar que as praias do Rio são imundas;

Cansei de jogar papel no chão e depois praguejar contra o prefeito, que não faz o dever de casa limpando os bueiros para evitar as enchentes;

Cansei de reclamar do trânsito violento e a cada carro que me ultrapassa acelerar mais e impedir sua passagem;

Cansei de praguejar nas ruas contra os carros que avançam sinais e eu fazer o mesmo "porque estou atrasado;

Cansei de deixar meu filho fazer xixi no canteiro e reclamar do mau cheiro que domina o Rio;

Cansei de ser IXPERTU;

Cansei de reclamar dos mendigos que dramatizam a miséria em busca de esmola, que usam suas crianças para conseguir dinheiro, e na próxima esquina dar um trocado a quem me pede;

Enchi o saco de ser incoerente.

Domingo, estava indo para o metrô com meus dois filhos e vi um carro dando marcha a ré. Apontei para ele, estufei o peito e mostrei aos meninos: "É por isso que se deve olhar para os dois lados da rua antes de atravessá-la", sentenciei. E imediatamente lembrei que, quando tinha carro, cansei de fazer tal manobra - com eles no banco de trás.

Não quero mais a incoerência na minha vida. Não, definitivamente não quero - o que, infelizmente, não quer dizer que nunca mais o serei. Mas só de ter consciência destes defeitos de caráter, já me alivio. É um primeiro passo para evitar a repetição insana dos mesmos erros esperando resultados diferentes.

Não compactuo mais com a ignorância.

Não compactuo mais com a violência.

Não uso mais drogas.

Não bebo mais.

Só por hoje. 


A Cor do Rio que Corre


















segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Escolhas...




Ou isto ou aquilo
 
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo. 


Cecília Meireles


Ou isto ou aquilo, Editora Nova Fronteira, 1990 - Rio de Janeiro, Brasil

“Home - Nosso Planeta, Nossa Casa”











 Em algumas poucas décadas, a Humanidade interferiu no equilíbrio estabelecido no Planeta há aproximadamente quatro bilhões de anos de evolução. O preço a pagar é alto, mas é tarde demais para ser pessimista. A Humanidade tem somente dez anos para reverter essa situação, observar atentamente a extensão da destruição das riquezas da Terra e considerar mudanças em seus padrões de consumo.


Ao longo de uma seqüência única através de 54 países, toda filmada dos céus, Yann Arthus-Bertrand divide conosco sua admiração e preocupação com o filme “Home - Nosso Planeta, Nossa Casa” e finca a pedra fundamental para mostrar que, juntos, precisamos reconstruí-lo.

Mais do que um filme, “Home - Nosso Planeta, Nossa Casa” é um grande evento internacional: pela primeira vez um filme foi exibido no mesmo dia: 5 de Junho de 2009, em 181 países e por 81 canais de TV. O Dia Mundial do Meio Ambiente foi escolhido como a data mais simbólica para essa exibição simultânea, em grande parte gratuitamente, em vários formatos, como cinema, televisão, DVD e internet (on-line pelo http://www.youtube.com/homeproject). O objetivo do diretor Yann Arthus-Bertrand, dos distribuidores Luc Besson e Denis Carot, e o de François-Henri Pinault, presidente da PPR, principal patrocinadora do filme, é atingir a maior audiência possível e convencer a todos das nossas responsabilidades individuais e coletivas com relação ao Planeta.


Qual é a mensagem central do filme?

O filme é um verdadeiro manifesto. O nosso impacto sobre a Terra é muito mais forte do que ela pode suportar. Nós consumimos em excesso e estamos extinguindo os recursos da Terra. Desde o céu, podemos ver claramente os lugares onde a Terra foi ferida. Assim, “Home - Nosso Planeta, Nossa Casa” explica simplesmente os problemas atuais, sempre afirmando que existe uma solução. O subtítulo do filme poderia ser “É tarde demais para ser pessimista”. Nós chegamos a uma encruzilhada. Decisões importantes devem ser tomadas para mudar o mundo. Todos sabem sobre o que tratamos no filme, mas ninguém quer realmente acreditar nisso. Assim “Home - Nosso Planeta, Nossa Casa” é então um tijolo a mais no edifício construído pelas organizações ambientais, de retorno ao bom senso para mudar o nosso modo de consumir e de viver.

Refugiados Ambientais





Por Lester Brown* 

Washington, 23/10/2009 – A civilização do início do século XXI está encurralada entre o avanço dos desertos e a elevação do nível do mar. Se considerarmos a superfície de terras biologicamente produtivas habitáveis por comunidades humanas, a Terra está encolhendo. O aumento da densidade demográfica, antes causada apenas pelo crescimento da população, agora também é alimentado pelo implacável avanço dos desertos, e logo poderá ser afetado pelo aumento previsto do nível do mar. Na medida em que a extração excessiva esgota as reservas aquíferas, milhões mais se veem forçados a se reassentar em busca de água.

A expansão do deserto na África subsaariana, principalmente nos países do Sahel, causa o deslocamento de milhões de pessoas, obrigando-as a seguirem para o sul ou emigrarem para a África do norte. Já em 2006, uma conferência da Organização das Nações Unidas sobre desertificação realizada em Túnis estimou que para 2020 até 60 milhões de pessoas poderão emigrar da África subsaariana para a África setentrional e a Europa. Este fluxo está em curso há muitos anos.

Em meados de outubro de 2003, as autoridades da Itália descobriram um barco que se dirigia a esse país transportando refugiados procedentes da África. A embarcação esteve à deriva mais de duas semanas, ficou sem combustível, alimentos e água. Muitos dos passageiros morreram. No começo, os cadáveres foram jogados na água. Mas, após algum tempo, os sobreviventes ficaram sem forças para levantar os corpos. Deste modo, vivos e mortos compartilharam o bote. Um socorrista descreveu o que viu como “uma cena do inferno de Dante” Alighieri.

Acredita-se que os refugiados eram somalianos embarcados na Líbia. Mas os sobreviventes não revelaram seu país de origem para não serem enviados de volta. Ignora-se se eram refugiados políticos, econômicos ou ambientais. Estados falidos como a Somália expulsão sua população por causa desses três fatores. Ali há um desastre ecológico, com excesso de população, excesso de pastoreio e, como consequência, uma desertificação que destrói sua economia pastoril. Talvez o maior fluxo de emigrantes somalianos se dirija para o Iêmen, outro Estado falido. Estima-se que em2008 foram 50 mil os migrantes e solicitantes de asilo que chegaram a esse país, 70% mais do que em 2007.

E durante os primeiros três meses de 2009, o fluxo migratório foi até 30% superior ao de igual período do ano passado. Estes números simplesmente se somam às pressões já insustentáveis sobre a terra e os recursos hídricos do Iêmen, acelerando seu declive. No dia 30 de abril de 2006, um homem que pescava nas águas de Barbados descobriu um bote à deriva com os cadáveres de 11 homens jovens “Praticamente mumificados” pelo sol e pelo sal do oceano Atlântico.

Ao aproximar-se o fim, um passageiro deixou um bilhete entre os corpos: “Gostaria de enviar dinheiro para minha família em Basada (Senegal). Por favor, me perdoem e adeus”. Aparentemente, seu autor integrava um grupo de 52 pessoas que partiram desse país africano às vésperas do Natal em um bote com destino às ilhas Canárias, ponto usado como trampolim para a Europa. Devem ter viajado cerca de 3.200 quilômetros. A travessia terminou no mar do Caribe. Este barco não foi o único, durante o primeiro fim de semana de setembro de 2006, a polícia interceptou botes da Mauritânia com quase 1.200 pessoas a bordo.

Para muitos moradores de países da América Central, incluídos Honduras, Guatemala, Nicarágua e El Salvador, o México costuma ser a porta de entrada para os Estados Unidos. Em 2008, as autoridades mexicanas de imigração registraram 39 mil detenções e 89 mil deportações. Na cidade de Tapachula, na fronteira entre Guatemala e México, homens jovens em busca de trabalho esperam ao longo das vias férreas um lento trem de carga que atravessa a cidade em sua rota para o norte. Alguns conseguem subir, outros não.

O abrigo Jesús, o Bom Pastor abriga 25 amputados que perderam o equilíbrio e caíram sob um trem quando tentavam abordá-lo. Para esses jovens, “este é o fim de seu sonho americano”, disse a diretora do abrigo, Olga Sánchez Martinez. Outra voluntária dessa instituição, Flor Maria Rigoni, qualificou os emigrantes que tentam subir nos três de “kamikazes da pobreza”. Hoje é comum encontrar cadáveres nos litorais de Itália, Espanha e Turquia. São cadáveres de migrantes desesperados.

A cada dia, muitos mexicanos arriscam a vida no deserto do Arizona, tentando conseguir trabalho nos Estados Unidos. Em média, cerca de cem mil, ou mais, abandonam anualmente suas áreas rurais, onde aram terras muito pequenas ou muito afetadas pela erosão para que possam obter seu sustento. Dirigem-se a cidades mexicanas ou tentam cruzar ilegalmente a fronteira para os Estados Unidos. Muitos dos que tentam atravessar o deserto do Arizona morrem sob o sol abrasador. Desde 2001, a cada ano são encontrados, em média, 200 cadáveres ao longo da fronteira do Estado do Arizona.

Com a vasta maioria dos 2,4 bilhões de pessoas que se somarão ao mundo até 2050 nascendo em países onde os lençóis freáticos já estão diminuindo, é provável que os refugiados hídricos se tornem um fenômeno comum. Serão encontrados mais comumente em regiões áridas e semi-áridas, cuja população esgota o fornecimento de água e afunda na pobreza hidrológica. As aldeias do noroeste da Índia são abandonadas na medida em que esses lençóis de água se esgotam e a população já não tem como se abastecer. Milhões de moradores do norte e do ocidente da China e de certas áreas do México podem ter de se deslocar devido à falta desse líquido.

O avanço dos desertos encurrala as populações em expansão em uma área geográfica menor do que nunca. Nos anos 30, as tempestades de areia deslocaram três milhões de pessoas nos Estados Unidos. Agora, o deserto que avança nas províncias chinesas afetadas por um fenômeno semelhante pode expulsar dezenas de milhões. A África também sofre este problema. O deserto do Saara empurra as populações de Marrocos, Túnis e Argélia para o norte, em direção ao mar Mediterrâneo. Em um esforço desesperado para adaptar a agricultura à seca e à desertificação, o Marrocos reestrutura o setor com base em estudos geográficos, substituindo os cultivos de cereais por vinhas e hortas que usam menos água.

No Irã, as aldeias despovoadas por culpa do avanço dos desertos ou pela falta de água já são milhares. Nas proximidades de Damavand, pequeno povoado a uma hora de carro de Teerã, 88 aldeias foram abandonadas. E na medida em que o deserto se apodera do território da Nigéria, os produtores agropecuários se veem obrigados a se mudar, apertados em uma área cada vez menor de terra produtiva. Os refugiados devido à desertificação costumam acabar em cidades, e muitos em assentamentos ilegais. Outros emigram.

Na América Latina, os desertos se expandem e obrigam as pessoas a se instalar no Brasil e no México. O fenômeno no Brasil afeta 66 milhões de hectares de terras, em boa parte concentradas no noroeste do país. No México, com uma cota muito maior de terras áridas e semi-áridas, a degradação da terra agrícola agora se estende a 59 milhões de hectares. A expansão do deserto e a escassez de água causam o deslocamento de milhões de pessoas, mas a elevação dos mares promete expulsar muitas mais no futuro, devido à concentração da população mundial em cidades costeiras e em deltas de rios onde se cultiva arroz.

Os números podem chegar a centenas de milhões, oferecendo outra poderosa razão para estabilizar tanto o clima quanto a população. No final, a dúvida que desperta a elevação do nível do mar é se os governos são suficientemente fortes para suportar a pressão política e econômica de reassentar contingentes de população na medida em que os países sofrem fortes perdas de casas e fábricas no litoral. A opção parece simples: reverter estes problemas ou deixar-se superar por eles. IPS/Envolverde

* Lester R. Brown é fundador do Earth Policy Institute. Este artigo é uma adaptação do Capitulo 2 de seu livro “Plan B 4.0: Mobilizing to save civilization” (Plano B 4.0: Mobilizando-se para salvar a civilização), Nova York: W.W. Norton & Company 2009, desnível no site www.earthpolicy.org/index.php?/books/pb.


(Envolverde/IPS)

domingo, 25 de outubro de 2009

Medo da Libertação


Paysage aux Oiseaux Jaunes
(Klee, 1923)
Se eu me demorar demais olhando Paysage aux Oiseaux Jaunes (Paisagem com Pássaros Amarelos, de Klee), nunca mais poderei voltar atrás. Coragem e covardia são um jogo que se joga a cada instante. Assusta a visão talvez irremediável e que talvez seja a da liberdade. O hábito que temos de olhar através das grades da prisão, o conforto que traz segurar com as duas mãos as barras frias de ferro. A covardia nos mata. Pois há aqueles para os quais a prisão é a segurança, as barras um apoio para as mãos. Então reconheço que conheço poucos homens livres. Olho de novo a paisagem e de novo reconheço que covardia e liberdade estiveram em jogo. A burguesia total cai ao se olhar Paysage aux Oiseaux Jaunes. Minha coragem, inteiramente possível, me amedronta. Começo até a pensar que entre os loucos há os que não são loucos. E que a possibilidade, a que é verdadeiramente, não é para ser explicada a um burguês quadrado. E à medida que a pessoa quiser explicar se enreda em palavras, poderá perder a coragem, estará perdendo a liberdade. Les Oiseaux Jaunes não pede sequer que se o entenda: esse grau é ainda mais liberdade: não ter medo de não ser compreendido. Olhando a extrema beleza dos pássaros amarelos calculo o que seria se eu perdesse totalmente o medo. O conforto da prisão burguesa tantas vezes me bate no rosto. E, antes de aprender a ser livre, tudo eu aguentava - só para não ser livre.


Clarice Lispector, 1969

Clandestina Felicidade




Curta- Metragem


Gênero: Ficção
Diretor:  Beto Normal, Marcelo Gomes
Elenco: Luisa Phebo, Nathalia Corinthia, Luci Alcântara
Ano: 1998
Duração: 15 min.


A ucraniana que descobriu no Recife a felicidade clandestina que fez dela uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos. Confira nesse curta o olhar curioso, perplexo e profundo da criança-escritora Clarice Lispector.


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Dias Melhores


Jota Quest

Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos para trás
Vivemos esperando
O dia em que seremos melhores
Melhores no amor, melhores na dor
Melhores em tudo
Vivemos esperando
O dia em que seremos para sempre
Vivemos esperando
Dias melhores para sempre
Dias melhores para sempre

Haiti


Caetano Veloso/ Gilberto Gil

Quando você for convidado pra subir no adro da
Fundação Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos
E outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro possam
estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque, um batuque com a pureza de
meninos uniformizados
De escola secundária em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada
Nem o traço do sobrado, nem a lente do Fantástico
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém
Ninguém é cidadão
Se você for ver a festa do Pelô
E se você não for
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti

O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui

E na TV se você vir um deputado em pânico
Mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo
Qualquer qualquer
Plano de educação
Que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
do ensino de primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua
sobre um saco brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina
111 presos indefesos
Mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos
Ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres
E todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti

O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui


Campanha TicTacTicTac mobilizará milhares de brasileiros no dia 24 de outubro

Mais de 4000 manifestações em todo o mundo pretendem chamar a atenção dos líderes globais para adotar medidas efetivas no combate às mudanças climáticas.


A campanha mundial TckTckTck, que no Brasil tem o nome de TicTacTicTac, já tem dezenas de ações cadastradas para o dia 24 de outubro. Veja algumas delas e clique aqui para procurar alguma perto de você:

* no Parque Trianon, na Avenida Paulista, em São Paulo, haverá um evento com música, poesia e debates das 10h às 15h

* em Florianópolis, serão distribuídas 350 mudas de plantas durante a 8ª Sepex — Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina. Às 14 horas, em frente à Concha Acústica, começa a concentração para o passeio ciclístico que sairá às 15 horas

* em Copacabana, no Rio de Janeiro, ao lado do relógio TicTac (em frente ao Copacabana Palace), haverá uma caminhada pela praia para recolher assinaturas à Campanha TicTacTicTac a partir das 9h30

* em Santa Cruz da Cabrália, na Bahia, a partir das 12h30, haverá atividades de educação ambiental com a doação de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica

* em Vila Velha, no Espírito Santo, na Praia da Costa, acontecerá uma manifestação para recolher assinaturas para a Campanha TicTacTicTac, das 10h às 13h

* em Sobral, no Ceará, haverá uma mobilização no Mercado Central

* no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, haverá uma ação da campanha antes do jogo entre o Atlético Mineiro e o Vitória

Para participar, basta escolher algum evento artístico, esportivo, religioso ou cultural, no dia 24 de outubro, e disseminar o abaixo-assinado da campanha entre o público presente. Quem preferir, pode organizar o próprio evento na sua comunidade, como passeios de bicicleta, concertos, caminhadas ou plantação de árvores.

As assinaturas colhidas em todo o mundo pela campanha TckTckTck serão apresentadas, entre outras ações, aos líderes mundiais que vão se reunir em Copenhague, em dezembro, na COP 15 (a Conferência das Partes entre os países membros da Convenção do Clima da ONU). O objetivo é fazer com que os acordos negociados na COP 15 efetivamente contribuam para combater o aquecimento global e as conseqüentes mudanças climáticas.

As manifestações do dia 24 de outubro estão sendo cadastradas pela ONG 350, uma das parceiras da campanha TckTckTck. Ao final do dia, registros das manifestações, como vídeos e fotos, serão divulgadas pelo site. Para se juntar ao movimento, registre do evento que você pretende organizar, clicando aqui. No site, você também pode ver os nove passos básicos para organizar sua manifestação no dia 24 e onde acontecerão as ações em todo o mundo.

O nome da ONG — 350 — significa um número importante no combate às mudanças climáticas. De acordo com estudos publicados por pesquisadores como James Hansen, da NASA, essa é a concentração (em partes por milhão, ou ppm) de carbono na atmosfera que deveria ser mantida para que a temperatura no planeta não subisse demais, a ponto de provocar mudanças climáticas que ameaçam a vida humana e a natureza. Atualmente, a concentração é de 387 ppm — ou seja, já estamos correndo contra o tempo para diminuir a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.


(Envolverde/Instituto Akatu)

Enquanto isso lá no morro...

Enquanto nossas autoridades discutem de quem é a responsabilidade (municipal, estadual ou federal) , como se organizar e proceder, lá no morro...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

The Planets


Gustav Holst
Inglaterra (1874-1934)

Lembrado principalmente como compositor de Os Planetas, Gustav Holst foi um artista bastante eclético. Abordou todas as composições de um ângulo novo, inspirando-se em fontes tão diversas quanto a astrologia, canção folclórica inglesa, poesia sânscrita, melodias argelinas e a poesia de Thomas Hardy. Foi também um habilidoso professor, capaz de inspirar adultos e crianças.

The Planets

Antes um retrato dos traços humanos personificados pelos planetas que dos corpos celestes, essa suíte orquestral inspirada na astrologia sempre gozou de grande popularidade.

Marte:
É o mensageiro da guerra, música marcial num implacável compasso 5/4;



Vênus:
Mensageira da paz, constrasta pela placidez e pelo andamento lento;



Mercúrio:
Mensageiro alado, ressalta a flauta e a celesta no clima de um scherzo;



Júpiter:
O mensageiro da alegria, é pura dança, com um belo tema central que se transformou em um hino patriótico inglês. ( I vow to thee, my country)



Saturno:
Mensageiro da velhice, começa sombrio, segue com uma marcha nos metais e retorna à serenidade no final;



Urano:
O mágico, é, na verdade, um segundo scherzo com uma desengoçada melodia no fagote;



Netuno:
O místico, ao atingir o limiar do sistema solar e da psique humana (Plutão ainda não havia sido descoberto), Holst permite que harmonias misteriosas e um coro de vozes femininas sem palavras em off morram no vazio.



Glossário:

Piano: suave, em italiano, o termo é usado para dinâmicas fracas (seu oposto é o forte)

Scherzo: do italiano, brincadeira. Gênero de música instrumental de caratér vivo e alegre, que em seus primórdios (início do século 19) substitui o minueto em sinfonias, sonatas e quartetos. Posteriormente se tornou um gênero independente.

Suíte: obra em vários movimentos (de hábito instrumental).

Sergio Roberto de Oliveira

Nascido em 1970, no Rio de Janeiro, Sergio Roberto de Oliveira vem atuando tanto na música erudita como na popular, como compositor, arranjador, produtor e instrumentista.

Formado em composição pela Uni-Rio, estudou com compositores como César Guerra-Peixe, Dawid Korenchendler, Vânia Dantas Leite, Tato Taborda, entre outros. Tem recebido diversas encomendas de músicos brasileiros e do exterior, como Laura Rónai, Nicolas Souza Barros, Trio Syrinx, Tom Moore, Tracy Richardson, etc. Mais recentemente, recebeu encomenda da violinista americana Lisa Brooke, para um projeto envolvendo a Handel and Haydn Society, em Boston (EUA). A estréia dessa obra, para violino e flauta, ocorreu em maio de 2003, com a presença do compositor apresentando comentários sobre a obra, e foi aplaudida entusiasmadamente de pé por toda a platéia.

É um dos membros e criadores do grupo de compositores Prelúdio 21. Além dos concertos do grupo, sua obra tem sido apresentada em concertos importantes no Brasil e no exterior, como na Bienal de Música Contemporânea, no Panorama da Música Brasileira Atual e no The Composers´ Ensemble at Princeton, onde tem tido suas obras executadas por 3 anos consecutivos. Sua obra "Suíte para Cordas"(1995) foi premiada no II Concurso Nacional de Composição Cidade do Rio de Janeiro, promovido pela Rio-Arte, e sua obra "Circus Brasilis" (1999) foi gravada num CD ao lado de obras de compositores da Princeton University.

O violonista Armildo Uzeda executa o Baião, da Suíte Imaginária do compositor Sérgio Roberto de Oliveira.

Apresentação do Trio para flautas No. 1 no lançamento do CD "Sem Espera", com obras para flauta de Sergio Roberto de Oliveira, no Teatro B do Theatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 11 de novembro de 2006. Intérpretes: Trio Rónai - Maria Carolina Cavalcanti (ao centro), Rudi Garrido (à direita) e Ana Paula Cruz (à esquerda).

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Bicho


Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira

Rio, 27 de dezembro de 1947

As fotos são do fotógrafo Álvaro Riveros, chileno de nascimento e brasileiro por opção, que viu sua fascinação pelos tipos invísíveis da metrópole carioca se avolumar quando saía em direção às pautas jornalísticas. ”É a minha tentativa de entender o momento em que vivemos. Minha expressão é a imagem. É a partir dela que tento compreender o mundo“, diz Álvaro, que coleciona mais de 1.000 fotos, clicadas desde o ano 2000, doze meses depois de chegar ao Brasil. ”No Chile, também há moradores de rua, é claro, mas no Rio era impossível, para mim, não me atormentar pelas imagens que eles me proporcionavam“.

Jardim Suspenso da Babilônia


O último projeto do fotógrafo e artista plástico Felipe Morozini, o curta Jardim Suspenso da Babilônia, que pede por uma São Paulo mais verde acaba de ser anunciado como finalista no Babelgum, festival de cinema via internet. O curta levanta questões pertinentes a grande metrópole, como por exemplo, a falta de áreas verdes e o excesso de obras em concreto, como é o caso do Elevado Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, principal via de ligação entre as zonas leste e oeste.

Jardim Suspenso da Babilônia mostra a intervenção de 28 pessoas, que em uma manhã de domingo transformaram o asfalto em tela e substituíram a tinta por cal, dando origem a desenhos de diferentes tipos de flores.

“O principal objetivo era fazer a cidade acordar mais bonita”, revela Felipe Morozini.


A intervenção artística, que também propõe a necessidade urgente de reurbanização da cidade, representa milhares de paulistanos que, assim como Felipe querem transformar São Paulo em um local mais agradável para se morar.

As fotos são de Debby Gran, André Porto, Marcos Cimardi, Leandro Pugni, a direção do curta é de Jeorge Simas e a concepção de Felipe Morozini.

O Meu Olhar é Nítido Como um Girassol


O meu olhar é nítido como um girassol,
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e a esquerda
E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei Ter o pasmo essencial que tem uma criança
Se ao nascer, reparasse que nasceras deveras...

Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo

Creio no mundo como um malmequer
Porque o vejo, mas não penso nele
Porque pensar é não compreender

O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
Se falo na natureza não é porque a amo,
amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama.
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência
E a única inocência é não pensar.

Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Cultura é...



“Cultura não é acumulação de informação,
é assimilação de informação.
É tudo aquilo de que a gente
se lembra após ter esquecido o que leu.
A cultura se revela no modo de falar, de sentar,
de comer, de ler um texto, de olhar o mundo.
É uma atitude que se aperfeiçoa no contato com a arte.
Cultura não é aquilo que entra pelos olhos,
é o que modifica o seu olhar.

José Paulo Paes

The Animals Save the Planet - Supermarket Bags


Produzido pelo Animal Planet, o vídeo faz um apelo para que se preserve o planeta evitando o uso excessivo e o descarte incorreto de sacolas plásticas. Os exemplares personagens do filme também são vítimas da degradação ambiental causada pelo uso excessivo e incorreto do plástico.

Ao final, uma voz dá tom da campanha:
We can all bring our own bags when we go shopping. (Todos nós podemos levar nossas próprias sacolas ao mercado)

(Envolverde/Instituto Akatu)

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