quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Me Leve


-Moça com Livro-
Almeida Júnior

Cantiga para não morrer...

Quando você se for embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Ferreira Gullar in De Dentro da Noite Veloz 

(1962-1975) 



Lindíssimo!
Valeu a dica! 
Stanis

3 comentários:

josé roberto balestra disse...

Carlucha, quanto bom gosto você tem, menina conterrânea dos arenitos! Um baita capricho encontrar um vídeo desses! Todas as imagens amarradinhas aos versos da canção... um primor!

Carlucha, Fagner sempre foi mesmo um admirável mestre nessa arte de musicar poemas (que infelizmente ele abandonou depois que teve problemas jurídicos com a família de Cecília Meirelles), coisa dificílima, porque antes de tudo há de se respeitar cada palavra do poeta, e aí a harmonia, a marcação, a por fim busca pela sonoridade agradável dos acordes, parece obstáculo instransponível ao compositor. Mas como vemos, não é! Basta ter talento, e se chamar Raimundo Fagner!

O sax choroso ao meio da música, e o teclado vibrando todo o tempo, são marcas de uma sensibilidade finíssima do arranjador, não?

Ah, deixa te confessar uma coisinha: sempre que vejo o nome do poeta maranhense Ferreira Gullar fico meio bicudinho, feito criança birradinha por um doce. É que eu sei que ele "bateu pesado" com adjetivos contra meu escritor MOR quando seu primeiro livro participava de um concurso literário aí no Rio. Mas o tempo é sábio; ensinou a FG que nem sempre a gente acerta tudo...

Ah, o meu escritor MOR quem é? E o seu primeiro livro? Carlucha, é João Guimarães Rosa, menina!, e que se apresentava ao mundo em 1938 com "Sagarana", sob o pseudônimo de Viator, num concurso da Livraria José Olympio, ganhando o 2º lugar... Depois é que veio "Grande Sertão: Veredas", que o eternizou mundialmente.

Veja agora uma belezura cheia de pureza, que vem como epígrafe no "Sagarana":

"Lá em cima daquela serra,
passa boi, passa boiada,
passa gente ruim e boa,
passa minha namorada"...

Um ótimo dia pra você!

bjs

Carlucha disse...

José, eu adorei o arranjo do piano como base, o solo do saxofone e depois agregando os outros instrumentos, trompete e teclado, tudo isso somado com a voz do Fagner, ficou tuudo de boom!! :))

Qto ao FG, não sabia dessa gafe! Mas como todo ser humano, os intelectuais tbém falham...
Aprendi com os grandes compositores a me ater somente a obra, apesar que no caso de R.Wagner, faço biquinho como vc... hehe


Qto a Sagarana, conheço apenas o resumo da obra, mas confesso que bateu uma enorme vontade de conhecer tudo e poder entender essa sua tão grande admiração! Me aguarde...

Bjos e fique com Deus!

Tucha disse...

Fagner fez realmente um trabalho interessante musicando poemas, e concordo com o José Roberto que não é facil fazê-lo. Gostei tb do arranjo fica gostoso de ouvir e dá um clima adequado para o poema.

Arquivo do blog