terça-feira, 10 de novembro de 2009

Rio 2016: por uma Olimpíada sustentável



 
Por Ariane Souza 


A escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016 foi, muito justamente, celebrada como uma das maiores conquistas brasileiras dos últimos tempos, coroando um ciclo virtuoso da economia e que se traduz, em outro campo, na conquista dos dois maiores eventos esportivos do planeta – os Jogos Olímpicos e a Copa 2014. Fruto de um intenso e bem-sucedido trabalho de relações públicas e conquista de votos dos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) por parte das autoridades federais e estaduais e municipais do Rio de Janeiro, a realização da Olimpíada 2016, porém, exige que, mal terminada a última taça de champanhe da comemoração, já se comece o planejamento para os projetos e obras necessários a esse megaevento. No caso da capital carioca, há a vantagem da intensa sinergia entre as obras esportivas e de infraestrutura necessárias à Olimpíada e à Copa 2014.

Mas a realização dos Jogos Olímpicos pode ser comparada a uma maratona, com obstáculos. Nessa analogia, vence quem estiver melhor preparado,  o que implica planejar detalhadamente toda a sequência de treinamentos e utilizar os melhores equipamentos. O Rio, para superar essa corrida, precisa estar atento ao fato de que planejamento, nessa área, envolve a definição de projetos e a obtenção de licenças ambientais para dar inícios às obras. A Prefeitura do Rio de Janeiro estabeleceu 2010 e 2011 como os anos-chave para o planejamento das obras e, para conseguir entregá-las em 2015, como exigido pelo COI, é necessário conseguir as necessárias licenças ambientais.

Para isso, o primeiro passo é buscar projetos que, em princípio, definam os materiais mais eficientes, duráveis e sustentáveis, visando ultrapassar sem grandes problemas a “barreira” das exigências ambientais. Nesse sentido, os contratantes e autores de projetos arquitetônicos devem prestar atenção a algumas características de complexos esportivos e a sustentabilidade, econômica e ambiental, de edificações e da infraestrutura necessária para a realização dos Jogos Olímpicos. Entre essas características, está a análise do custo inicial e dos benefícios a longo prazo dos materiais especificados para estádios e infraestrutura geral. Quanto maior a durabilidade e menor a exigência de manutenção e reposição desses materiais, mais sustentável é o material/equipamento, por consumir menos recursos financeiros e naturais, ao longo do tempo. Portanto, com maior benefício para os usuários e à sociedade, que é quem paga a conta, em última análise.

Os elementos metálicos galvanizados encaixam-se com perfeição nessa avaliação de planejamento de longo prazo e, assim como o técnico de um atleta que compete numa maratona, deve estar na mente de contratantes e especificadores. Isto porque esses elementos metálicos, que podem ser desde a estrutura e a cobertura de um complexo esportivo, aos alambrados e cercas, às estruturas dos assentos, portões,  estruturas e coberturas de estacionamentos, até a cobertura de uma parada de ônibus, por exemplo, têm muito maior durabilidade quando galvanizados ou mesmo utilizados no sistema dúplex (galvanização + pintura).

Também estruturas de concreto armado ganham em durabilidade quando as armaduras metálicas utilizadas são galvanizadas a quente. A galvanização a quente, técnica pela qual a estrutura/elemento é recoberto com zinco, ajuda a evitar a corrosão por oxidação das armaduras do concreto em pilares, vigas e lajes – e também nos elementos metálicos, estruturais ou não. Esses componentes, se submetidos à galvanização a fogo, podem durar até 75 anos sem manutenção, dependendo do ambiente onde estão inseridos. Está comprovado que a galvanização oferece muito maior resistência aos elementos metálicos em cidades situadas à beira-mar, como o Rio de Janeiro. Essa durabilidade muito maior, comparada aos elementos metálicos sem a galvanização, pode ser constatada em dois complexos esportivos icônicos da capital carioca: os estádios do Maracanã e o Engenhão (estádio João Havelange). Neste último, a estrutura metálica dos assentos foi totalmente galvanizada e está em ótimo estado de conservação. No Maracanã, reforma realizada há cerca de dois anos também galvanizou todas as estruturas metálicas dos assentos do estádio, inaugurado para a Copa de 1950. Assim, nas reformas para preparar o estádio para a Copa 2014 as estruturas metálicas dos assentos não precisarão ser trocadas, pois estão em perfeito estado e prontas para uso por mais algumas décadas.

A galvanização de elementos metálicos oferece portanto vantagens econômicas, pela muito maior durabilidade, diminuindo a necessidade de extração de recursos naturais  escassos (ferro, energia elétrica, combustíveis fósseis para transporte, entre outros), com ganho ambiental-econômico expressivo. Países que têm tradição em planejamento a longo prazo, como Alemanha, Estados Unidos, Japão e China, por exemplo, utilizam a galvanização intensivamente em seus complexos esportivos e infraestrutura geral para a realização de megaeventos, como os Jogos Olímpicos e Copas do Mundo de Futebol.

O Rio de Janeiro – e o Brasil – deve olhar atentamente para esses bons exemplos para vencer esse desafio e deixar um legado de obras sustentáveis e duráveis, que servirão bem às futuras gerações, pós-2016.

*Ariane Souza é engenheira do Departamento de Desenvolvimento de Mercado da Votorantim Metais – Unidade de Negócios Zinco

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